"Ainda é cedo para falarmos em uma safra de 150 milhões de toneladas ou mais do que isso", acredita o presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan. Em entrevista, Galvan afirmou ainda que esta será, de fato, uma safra recorde, porém, com problemas. "E neste momento estamos registrando problemas em quase todas as regiões do Brasil", complementou, citando consequências do excesso de chuvas ou da falta delas. Embora os números que serão alcançados sejam altos, não serão aqules inicialmente projetados. 

Em Mato Grosso, maior estado produtor de soja do país, o cenário parece ter se estabilizado, mesmo que parcialmente, e a colheita se recuperou de forma muito consistente. Até a última sexta-feira (24), os trabalhos de campo alcançaram 76,27% da área, de acordo com os números do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), de uma safra que pode alcançar 42,8 milhões de toneladas. Em algumas análises privadas, a produção do estado é estimada em 44 milhões. 

No entanto, segundo relatou o presidente da Aprosoja Brasil, Mato Grosso poderia ter médias de produtividade ainda melhores caso não fosse as chuvas frequentes em algumas regiões, bem como a anomalia do quebramento da haste, que acometeu muitas lavouras no estado e tirou bastante da produtividade. "Ainda assim, são médias muito altas, mas essa anomalia tirou bastante da soja. No começo parecia que este ano seria um ano melhor". 

A liderança ainda falou sobre a necessidade de monitoramento dos efeitos do excesso de chuvas no Tocantins, Paraná e Mato Grosso do Sul. Produtores locais já relatam, inclusive, alagamentos em diversos pontos, provocando perdas, princiaplmente, de qualidade da soja que fica no campo por mais tempo do que o necessário. 

De acordo com os últimos dados da Pátria Agronegócios, a colheita da soja no Tocantins chega a 31,9% da área, contra 45,1% no mesmo período do ano passado; no Paraná são 28,6% contra 41,5% na comparação anual e no Mato Grosso do Sul a área colhida chega a 27,1%, ainda distante dos 41% de 2022, neste mesmo período. 

A consultoria apontou ainda que, da área total, 35,79% já foram colhidos, também apresentando um atraso em relação à safra anterior, quando o índice passava de 44% neste mesmo período. E o atraso já causa preocupações em relação ao plantio da safrinha de milho. 

"O ritmo de 2023 caminha em linha com a média dos últimos cinco anos, mantendo atrasos frente a 2022. Assim, a janela de plantio da segunda safra aponta para alto risco climático para produção de milho em 2023", explica Matheus Pereira, diretor da Pátria.

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