Durante a presença de cerca de 3.500 trabalhadores das duas unidades frigoríficas de abate de carne da JBS de Campo Grande na Assembleia Legislativa ocorrida ontem (19), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Carnes e Derivados, Wilson Gimenez Gregório, afirmou que o fechamento das sete unidades de abate da maior empresa de proteína animal do mundo em Mato Grosso do Sul foi causado pela instabilidade jurídica provocada pelo bloqueio de R$ 730 milhões da indústria. O dinheiro está retido a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Irregularidades Fiscais e Tributárias no Estado de Mato Grosso do Sul, que investiga a troca de benefícios fiscais entre empresa e governo estadual.

 

Para Gregório, haveria outros caminhos a serem tomados antes da decisão de bloquear o dinheiro da empresa e evitar a paralisação das atividades. Ele destaca ainda que os deputados não se reuniram com a empresa para definir sobre os pagamentos e já foram direto na justiça pedir o bloqueio. “Ela [a empresa] está alegando que não pode trabalhar porque está com o dinheiro bloqueado e aí arrebenta para quem? Para o lado do trabalhador, do mais fraco”, disse.

 

O presidente do sindicato acredita ainda que haverá demissões futuras por causa dessa situação se não houver outra medida. “Se é a demissão, o caminho está aí. Acho que dá para resolver amigavelmente. Nó saímos daqui com um posicionamento esses dias e saímos para fora e já mudou o posicionamento. Único posicionamento que nós temos é que estamos desempregados a partir do mês que vem”.

 

De um lado a empresa diz que quer trabalhar e do outro os deputados e o governo alegando que precisam arrecadar dinheiro para ir para os cofres. Gregório também reclamou que eles não participaram da reunião de negociação. “Eles disseram que o sindicato iria participar da reunião com a justiça e saímos para fora, eles nos tiraram da negociação. Ficaram somente os deputados e a justiça, acho que nem a empresa estava. Queremos saber em que pé está essa negociação, com quem está essa negociação, com quem estão falando? Porque até agora não tem posicionamento nenhum”, disse.

 

O outro lado

 

O presidente da CPI, deputado estadual Paulo Correa, alegou que a paralisação das atividades não possui caráter jurídico, mas pessoal, e acusou os diretores da empresa de provocarem desordem entre os trabalhadores e a opinião pública para ficarem contra as investigações da CPI. “Eles não fecharam por causa da CPI, fecharam porque são criminosos!”, disse. Segundo ele, a JBS tem capital de giro e também pode deixar os imóveis como garantia. “Quem tem que nos procurar? A JBS! Eu sou presidente da CPI e não recebi ninguém até agora. Não recebi uma ligação! Então eles não têm interesse mesmo”, ressaltou.

 

Diante de toda a instabilidade de trabalhadores e da empresa, os deputados estão estudando a implantação de uma liminar para que a empresa volte com os abates e registre que não vai provocar uma demissão em massa. A intenção é entrar com liminar na Justiça para que os abates sejam retomados, condicionado à garantia dos empregos, para o funcionamento da cadeia produtiva da carne.

 

“Precisamos de responsabilidade por parte da empresa. Que sente em uma mesa com produtores, funcionários, Governo e nós da CPI e diga de que jeito vai pagar o que deve a cada um deles e não use os trabalhadores como massa de manobra contra a Assembleia para que insista no desbloqueio dos bens sem nenhuma garantia, afinal são milhões que eles devem em imposto ao Estado, prejudicando toda a população sul-mato-grossense”, disse Correa. 

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