A JBS pode se concentrar no mercado de suínos e aves, em Mato Grosso do Sul. Com o anúncio da suspensão por tempo indeterminado do abate de bovinos em sete unidades do Estado, o clima atual é de queda de braço com deputados da Assembleia Legislativa que pediram bloqueio de R$ 730 milhões da empresa, por supostos prejuízos fiscais causados ao cofre público estadual.

 

A paralisação das unidades bovinas, iniciada de forma escalonada desde ontem, é tida como uma resposta de contra-ataque à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos deputados estaduais que investiga irregularidades na área tributária. Conforme a assessoria da JBS, algumas unidades bovinas operam normalmente, pois ainda mantêm gado para abate. Elas estão presentes nas cidades de Campo Grande, Anastácio, Naviraí, Nova Andradina e Ponta Porã.

 

Dourados é uma das três cidades do Estado que possuem indústria de abate suíno. Em julho, a JBS ampliou em 40% o número de abate no município e chegou a contratar 400 funcionários para atender às demandas dos mercados interno e externo, com carne suína in natura e industrializados. Nenhuma outra unidade de MS teve o aporte recebido com grande volume de contratações como em Dourados.

 

Embora Mato Grosso do Sul seja considerado "estratégico" para o grupo JBS, pois mantém 40% da produção nacional e os frigoríficos abatem metade dos bovinos em MS, o consumidor não deve sentir o impacto da disputa da empresa com a Assembleia Legislativa. Conforme a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), o Estado é abastecido pelas pequenas indústrias, operando normalmente. Ainda de acordo com a Acrissul, os maiores efeitos ficarão para a economia do Estado, que deixa de arrecadar tributo, e ao pecuarista. Com isso, haverá maior oferta de animais no mercado, que não terá condições de absorver a demanda.

 

Obras

Líder mundial em produção e exportação de carne bovina, na produção de couros, na produção de carne de frango, a JBS está presente em cinco continentes por meio das unidades industriais e centros de distribuição. Com sede da companhia em São Paulo (SP), a empresa vem sendo investigada em uma série de operações, todas desdobramentos da Lava Jato.

 

No final de 2015, a empresa anunciou investimentos de R$ 1,1 bilhão em unidades na região sul do Estado, entre essas, Dourados, a única que de lá para cá ampliou a capacidade de abate de suínos, conforme projeto da empresa. No entanto, a expectativa na época era de gerar 1.500 postos de trabalho, sendo que foram contratados 400, em julho deste ano.

 

Em Sidrolândia e Caarapó, o grupo anunciou a instalação de novas linhas de produção de frango. E em Itaporã, o projeto era de construir planta industrial de processamento de perus, mas ainda não saiu do papel. Já em Campo Grande, dois projetos do grupo, denominados Orygina e JBS Feed Solutions, que é um complexo farmacêutico, corre o risco de não ser concluído. Metade da obra está pronta, com entrega prevista para o primeiro semestre de 2018.

 

Como a JBS adotou o termo "insegurança jurídica" para paralisar o abate nas unidades de bovino, tudo em função de dois pedidos de bloqueio de recursos pela CPI, os demais investimentos previstos pela empresa podem sofrer retaliações no Estado. Temendo prejuízos a Mato Grosso do Sul, os deputados tentam agora fazer um acordo entre a JBS e o Governo do Estado.

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