Governo e JBS entram em acordo e abates serão retomados na próxima terça
Uma reunião, ocorrida na última sexta-feira (20), entre o Governo do Estado e representantes da empresa JBS, com a participação dos deputados estaduais que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Irregularidades Fiscais e Tributárias, do sindicato e das assessorias jurídicas da Assembleia Legislativa e do Executivo Estadual, resolveu o problema da crise gerada pelo fechamento de sete unidades da empresa frigorífica no Mato Grosso do Sul e dos trabalhadores que estavam inseguros se haveriam demissões.
A empresa fechou um acordo com o Governo Estadual e voltará a realizar os abates de bovinos a partir da próxima terça-feira (24). Desde o dia 18 de outubro, a empresa havia paralisado as atividades nas unidades alegando que não havia recursos para manter o serviço, já que a Justiça estadual atendeu o pedido da CPI e fez dois bloqueios no valor de R$ 730 milhões. O montante, segundo os deputados estaduais, é quanto a empresa deve para o Estado devido aos benefícios fiscais ofertados. Em contrapartida a empresa precisaria fazer investimentos, o que não ocorreu. O Governo do Estado declarou que fará um levantamento exato da importância da dívida que a empresa possui.
Na reunião ficou acertado que na segunda-feira (23) as assessorias jurídicas da JBS, da Assembleia Legislativa e do Governo do Estado apresentarão ao juiz que determinou o bloqueio das contas da JBS, a minuta de um acordo em que a empresa se compromete a oferecer bens em garantia para ressarcir o Estado pela dívida acumulada, para que possa ter as contas desbloqueadas. O grupo assumiu o compromisso também de manter as atividades normais e o emprego dos 15 mil funcionários que atuam em Mato Grosso do Sul.
“A nossa preocupação foi em garantir as atividades da empresa e, principalmente, manter o emprego dos trabalhadores, para que a gente pudesse dar tranquilidade a essas pessoas que estavam vivendo o medo de perderem o emprego”, destacou o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja.
Além das unidades frigoríficas bovinas, o acordo também se estendeu para as outras atividades da empresa no MS, como a continuidade dos abates de frango, do trabalho da Seara e da Eldorado. O presidente da Divisão de Carnes Brasil da JBS, Renato Costa, disse ainda que entre os investimentos que serão mantidos, está a ampliação da planta da empresa na saída para Sidrolândia, onde está sendo construído um prédio que abrigará o setor de fabricação de produtos fármacos tendo como matéria-prima subprodutos bovinos. Para ele, Mato Grosso do Sul é estratégico para a JBS, pois há oferta e carne bovina de qualidade. “E aqui em Campo Grande, na saída para Sidrolândia, está a planta mais moderna da JBS no mundo”, ressaltou.
A preocupação com a manutenção das atividades e a garantia do emprego dos trabalhadores das unidades aliviou a tensão que estava se instalando em Campo Grande. Na última semana, os funcionários das duas plantas frigoríficas na capital foram até a Assembleia Legislativa solicitar uma resposta dos deputados estaduais com relação ao emprego.
Cerca de 3.500 trabalhadores, segundo presidente da Federação dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação no Estado, Wilson Gimenez Gregório, estiveram nas duas ações. Ele agradeceu o encontro e a participação na reunião. “Vocês estão dando um fim de semana tranquilo para as famílias de trabalhadores da JBS, que até ontem estavam vivendo extremamente preocupadas”, disse.
Na base da produção, os criadores também estavam preocupados com o desenrolar que o bloqueio dos recursos da empresa estava causando em toda a cadeia produtiva. O presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Maurício Saito, chegou a entregar um pedido para que o Governo do Estado revise o valor pago do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e baixasse a alíquota para que os produtores pudessem levar o gado vivo para outros estados. Essa ação foi tomada como saída em junho deste ano, quando o Governo baixou de 12% para 7%, em um momento de crise da empresa.
“Isso vai ser importante para os produtores, principalmente nesse momento em que enfrentamos uma crise no País”, afirmou, Saito.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Júnior Mochi, declarou que os trabalhos da CPI serão encerrados na próxima semana, diante da tensão em que os deputados colocaram toda a cadeia pecuária.
Também participaram da reunião o diretor Executivo da Divisão de Carnes Brasil da JBS, Marcelo Estevam, o assessor jurídico da empresa, Fábio Chilo, o presidente da CPI da JBS, deputado Paulo Corrêa, o chefe de Gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça, Alexandre Magno Lacerda, os secretários estaduais Eduardo Riedel (Governo e Gestão Estratégica), Jaime Verruck (Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Márcio Monteiro (Fazenda), o assessor jurídico da Assembleia Legislativa, Luiz Henrique Volpe Camargo, Rodrigo Machado, assessor do deputado Paulo Corrêa, presidente da CPI da Assembleia.
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