As políticas para produção de suínos no Mato Grosso do Sul devem sofrer alteração com a reformulação do programa Leitão Vida que, assim como aconteceu com o programa Novilho Precoce – que passou a se chamar Precoce MS – passará a contar com a ampliação dos atributos de premiação, incluindo as gestões sanitárias, ambiental, trabalhista e de biossegurança.

 

A atividade necessita de atualização para disponibilizar melhores condições de crescimento e produtividade para os criadores. Para isso, a reativação da Câmara Setorial da Suinocultura no Mato Grosso do Sul foi um importante passo para que, juntamente com trabalhos dos técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), pudessem ampliar o debate e estruturar novos preceitos para o fortalecimento do setor.

 

O Mato Grosso do Sul é o sétimo maior produtor de carne suína do país, com 66 mil matrizes eu produzem mais de 1,8 milhão de cevados, de acordo com a Semagro. O estado está também na mesma posição quando o assunto é exportação de carne. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Secex/MDIC), entre os meses de janeiro e setembro deste ano, os produtores estaduais enviaram mais de 5 mil toneladas de carne suína in natura para o exterior.

 

Outro fator determinante para o desenvolvimento da suinocultura no estado é a facilidade para conseguir diminuir o custo da produção em cerca de 80%, já que a base da alimentação dos animais, feita quase que exclusivamente de grãos, existe em abundância no território estadual. Além disso, os principais consumidores de carne suína do país, São Paulo e Minas Gerais, fazem fronteira com o Mato Grosso do Sul, facilitando o escoamento da produção e diminuindo os custos de frete.

 

Segundo o secretário da Semagro, Jaime Verruck, o estado tem a capacidade de aumentar, em poucos meses, os abates de suínos, chegando perto de 600 animais por dia. Para que isso ocorra, ele ainda alerta sobre a necessidade de se fazer ajustes, principalmente na questão ambiental.

 

No início de outubro deste ano, a Secretaria publicou a resolução nº 651/2017, alterando as normas e procedimentos para o licenciamento ambiental estadual para o setor da suinocultura. O pedido foi feito pela Famasul para que o estado possua regras específicas que atendam a realidade do setor, saindo somente da questão da produtividade. “A solicitação visa a adequação no processo de licenciamento ambiental, proporcionando desburocratização e agilidade, garantindo eficiência e sustentabilidade à cadeia”, disse o presidente da Famasul, Mauricio Saito.

 

A simplificação das regras permite manter o mesmo status de controles ambientais, sem perder eficiência, mas reduzindo muito o custo de taxas e análises que existem atualmente. O suinocultor do MS tem uma dos maiores custos de automonitoramento ambiental do Brasil. “Estamos solicitando ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) uma adequação das normas, baseando-se em especial sobre as informações de pesquisas da EMBRAPA Suínos e Aves”, destacou o coordenador da Câmara Setorial Consultiva da Suinocultura, Celso Philippi Junior.

 

Ele alega ainda que os principais desafios do setor ainda é atrair empresas do ramo que estão dispostas a investir no estado. A simplificação da legislação ambiental, sem perder a eficiência de controle da mesma já projeta novos rumos para o setor.

 

Além da carne, a suinocultura também possui um potencial enorme para produção de energia elétrica, através de geradores que funcionam com biogás gerados a partir dos dejetos. O novo desafio é que produtores, em especial os terminadores de suínos, que tem uma demanda baixa de energia elétrica, mas um potencial grande de produção da mesma, se adequem ao sistema. Uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), de 2015, permite que o suinocultor produza energia elétrica e seu excedente seja compensado por uma outra empresa ou mesmo pessoa física. Deste modo, abre-se um leque de oportunidades que, além de diminuírem o custo de sua própria conta de energia, gere uma renda alternativa, pois ele pode negociar diretamente com alguém que queira consumir este excedente.

 

“Tivemos recentemente um Workshop que discutimos esta matéria, e foi criado um grupo de trabalho que vai dar andamento no assunto, para que nos próximos meses consigamos implantar os primeiros projetos de minigeração de energia e compensação do excedente”, destacou Philippi Jr.

 

O encontro, que ocorreu no Sindicato Rural de Campo Grande, reuniu instituições e empresas ligadas ao setor que serviu para desmistificar a matéria e projetar novos rumos para a geração de energia sustentável.

 

Os criadores estão entendendo o excelente momento e acompanhando o desenvolvimento das ações públicas. A fazenda Córrego Azul, em Brasilândia, consegui licença para a instalação de mais 4.850 matrizes de suínos. A empresa também já recebeu a licença para a instalação de uma pequena central termoelétrica para geração de energia por meio de biogás.

 

A ampliação dos frigoríficos também resulta na melhora do setor. Cerca de 15% da produção de animais vivos são enviados para abatedouros de outros estados. “temos todas as qualificações e pré-requisitos necessários para estarmos no topo dos maiores produtores do Brasil”, ressaltou Philippi Jr.

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