Durante toda a semana, o movimento altista voltou a ganhar força diante das dificuldades de compra de gado nas principais regiões pecuárias do País. “A escassez de boiada gorda é resultado do atraso na alocação dos animais para os confinamentos (efeito pandemia e dos altos custos de insumos), além da dificuldade de manejo de lotes de pastagem extensiva devido aos atrasos de ocorrência de chuva”, justifica a IHS Markit.

Neste contexto, continua a consultoria, os carregamentos de animais terminados colocados à venda não foram numerosos nesta semana, condição que acentuou o quadro especulativo do mercado do boi gordo. “Mesmo aquelas indústrias que dispõem de ofertas oriundas de confinamento próprio ou lotes à termo possuem lacunas em suas programações diárias e trabalharam com seus referenciais de preço no balcão mais firmes com intuito de estimular efetivações de novos acordos”, destaca a IHS Markit.

Demanda continuará aquecida e puxará preços

Na avaliação dos analistas, tudo indica que, mesmo com os aumentos recentes, ainda há espaço para mais avanços da arroba no curto e médio prazos, motivados principalmente pela grande dificuldade dos frigoríficos em encontrar boiadas disponíveis para venda. “O mercado físico não dispõe de grandes volumes represados, já que os lotes confinados mostram uma oferta menor que a do ano passado”, ressalta a IHS.

A forte tendência altista no setor se reflete nos contratos a termo negociados na bolsa de mercadoria B3. Os papéis com vencimento para novembro/20, por exemplo, operaram acima de R$ 280/@ durante quase todo o dia de ontem, encerrando o pregão em um nível levemente abaixo, de R$ 278,35/@, informa a IHS.

Além da escassez de oferta de gado gordo, os movimentos altistas nos preços futuros incorporam também as expectativas de bons níveis das vendas de carne nos próximos meses, tanto no ambiente interno como externo. “Com a aproximação das festividades de final de ano, espera-se que o consumo de proteínas nos atacados domésticos seja beneficiado pela maior entrada de massa salarial”, relata a IHS.

Já no mercado internacional, novembro e dezembro são, tradicionalmente, meses de maior atuação da China, em função da proximidade com o Ano Novo Chinês, destaca a consultoria. Neste mês de outubro, as exportações de carne bovina voltaram a avançar, depois de uma queda de ritmo de vendas registrada no mês passado. A média diária embarcada nos primeiros sete dias úteis de outubro foi de 8,59 mil toneladas de carne bovina in natura, o que representou avanço de 27% sobre a média diária de setembro passado e 11% superior àquela registrada em outubro de 2019.

Especulações em alta

Em algumas praças pecuárias, a especulação no mercado do boi gordo é tão intensa que inviabiliza a formação de preços referenciais, observa a IHS Markit. As valorizações mais enfáticas no valor da arroba ocorrem na região Norte do País, que tradicionalmente não é uma grande produtora de boiada confinada e que onde enfrenta dificuldade no trato dos animais nas pastagens, de acordo com a IHS.

Pará e Tocantins tiveram suas plantas habilitadas para exportar carne para o mercado chinês, o que também estimulou o mercado local, observa a consultoria. Nas praças do Norte, informa a IHS, há relatos confirmados de preços oferecidos na arroba quase alinhados aos verificados no Estado de São Paulo.

Nas praças do Centro-Sul, a atuação de plantas habilitadas para exportação voltou a sustentar altas na cotação do gado nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

No atacado, os preços dos principais cortes bovinos registraram sólidas altas nesta sexta-feira, mesmo considerando a chegada do período de segunda quinzena de mês, quando o fluxo das vendas costuma retrair em função do menor poder aquisitivo da população, informa IHS. “A oferta de mercadoria se apresenta abaixo da regularidade e deve se manter assim em função da dificuldade das indústrias frigoríficas em trabalhar com escalas de abate mais longas”, relata a consultoria. Paralelamente, a retomada das vendas externas colabora para manter o nível ajustado de oferta no mercado doméstico, observa a consultoria.

Confira as cotações desta sexta-feira, 16 de outubro, segundo dados da IHS Markit:

SP-Noroeste:

boi a R$ 263/@ (prazo)
vaca a R$ 248/@ (prazo)

MS-Dourados:

boi a R$ 251/@ (à vista)
vaca a R$ 238/@ (à vista)

MS-C. Grande:

boi a R$ 253/@ (prazo)
vaca a R$ 239/@  (prazo)

MS-Três Lagoas:

boi a R$ 256@ (prazo)
vaca a R$ 239@ (prazo)

MT-Cáceres:

boi a R$ 246/@ (prazo)
vaca a R$ 236@ (prazo)


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