Presidente da Famasul, FPA e Tereza Cristina acompanham votação do marco temporal na demarcação de terras indígenas
Foram 324 votos a favor e 131 contra a proposição. O projeto restringe a demarcação de terras indígenas àquelas tradicionalmente ocupadas por esses povos no momento da promulgação da Constituição Federal, em 1988.
Para serem consideradas terras ocupadas tradicionalmente, deverá ser comprovado objetivamente que elas, na data de promulgação da Constituição, eram, ao mesmo tempo, habitadas em caráter permanente, usadas para atividades produtivas e necessárias à preservação dos recursos ambientais e à reprodução física e cultural.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que colocará o projeto em votação na próxima semana. “Esta proposta tramitou em todas as comissões, e a gente já poderia estar votando o mérito. Com a votação da urgência, damos a oportunidade para mais um momento de discussão. Portanto, não falem em açodamento porque a urgência não era necessária”, disse.
A votação da urgência gerou embates em Plenário e tumulto
entre os deputados. Para o deputado Zé Trovão (PL-SC), a proposta vai diminuir
os conflitos no campo. “É um projeto audacioso, que acabaria com a guerra entre
os indígenas e os produtores, e faz justiça àqueles que produzem e levam
sustento”, disse.
O deputado Arthur Oliveira Maia também defendeu a proposta. “É um dos mais importantes temas para o Brasil, para o Parlamento, para a paz no campo”, afirmou. Segundo ele, o cenário atual traz insegurança jurídica e permite que povos lancem mão de “autodeclarações” para criação de reservas indígenas.
Maia será o relator da proposta em Plenário e, segundo o líder do Republicanos, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), já se comprometeu com o diálogo entre as bancadas.
Protesto
A oposição foi liderada pela deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), acompanhada na tribuna de parlamentares do Psol com cartazes contrários ao projeto. Ela afirmou que a votação do marco temporal é um retrocesso, invade tema já em discussão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e viola direitos dos povos originários.
“A caneta tem assassinado os nossos direitos. Não se trata de uma pauta partidária, mas humanitária”, afirmou.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a votação da
urgência. “Essa pauta pode trazer gravíssimos retrocessos a direitos e
conquistas por povos historicamente discriminados”, ressaltou.
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