Perspectiva de boas safras e o impacto nos preços
Aumento de produção nos principais países exportadores
indicam maior disponibilidade do milho para o mercado exportador. O relatório
emitido recentemente pela da Radar Agro, Consultoria Agro do Banco Itaú, aponta
fatores relevantes que podem mexer com o mercado do cereal.
Segundo o relatório, o aumento da produção nos principais exportadores globais (BRA, EUA e ARG), sugere maior disponibilidade para exportação do cereal. Um dos fatores é a primeira projeção do USDA para a safra global de milho 2023/24, que trouxe aumento da produção mundial em 6%, para 1,22 Bi t, elevação do consumo em 3%, para 1,19 Bi t e aumento também do estoque final do cereal, para 313 MM t (+5%).
Outro fato apontado pela Radar Agro, aponta o cenário sob efeito do El Niño no segundo semestre favorecendo a safra americana do cereal, tanto que o USDA projetou a produção de milho dos Estados Unidos em 388 MM t, 11% de elevação sobre a safra 2022/23. A forte elevação da produção americana vem diante de uma expectativa de aumento de 6,2% da área colhida, para 34 MMha e de elevação de 4,7%para a produtividade, projetadaem11,4 t/ha.
Apesar do aumento projetado para o consumo doméstico (+3,6%) e para a exportação (+18,3%), o estoque inicial maior e o incremento da produção resultam em um estoque final estimado em 56,4MMt, 56,8%maior que o da safra 2022/23. Comisso, a relação estoque/uso americana de milho passa de 10,3% (2022/23) para 15,3% (2023/24) e isso vem pressionando os preços do milho em Chicago.
Cenário de supersafra para o Brasil Para o Brasil, o
relatório indica que devemos nos concentrar no balanço interno de oferta e
demanda e olhar ainda para a safra 2022/23, já tendo sido iniciada a colheita
da 2ª safra no Mato Grosso. A expectativa para a produção é extremamente
positiva, com revisões para cima nos números de produção da 2ª safra. A Conab
projeta a safra total de milho em 125,5MMt, sendo 96MMt para a 2ª safra.
Porém vale ressaltar, conforme aponta o relatório da Radar, que algumas áreas, principalmente nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, foram plantadas fora da janela ideal ainda estando suscetíveis à eventuais episódios de geadas, porém o clima, até aqui, foi extremamente benéfico e não faltou chuva em grande parte das áreas produtoras, o que resultou nessa expectativa de safra cheia.
A linha de exportação também se destaca no balanço brasileiro, com a Conab projetando os embarques em 48MMt. O USDA projeta as exportações brasileiras em 53MMt, com o Brasil liderando os embarques globais do cereal, a frente inclusive dos EUA, maior produtor global. Isso se deve à liberação pela China, no final do ano passado, da importação de milho transgênico, o que permitiu ao Brasil acessar esse mercado, que hoje já é um dos principais destinos também para o nosso milho.
Preços em trajetória descendente A Consultoria Agro do Itaú
destaca ainda que tem observado hoje é um mercado interno com preços abaixo da
paridade de exportação, algo que é incomum para o cereal. Isso acontece diante
de uma maior disponibilidade de milho da 1ª safra, que está caminhando para o
final da colheita, junto coma percepção de boa oferta da 2ª safra a caminho. A
demanda está lenta, pois o comprador adquire somente o necessário, esperando
que os preços caiam ainda mais com a entrada da safrinha.
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