JBS quer recuperar mercado perdido após delações contra políticos
Dentre todas as unidades da JBS, a Beef Brasil foi a mais impactada pela crise deflagrada pelas delações de Wesley e Joesley Batista ao Ministério Público Federal. Segundo informou Gilberto Tomazoni, diretor de operações globais da companhia, durante conferência com investidores nesta quinta-feita, 7 de dezembro, em São Paulo, uma das metas da JBS para 2018 é recuperar espaços perdidos, tanto no mercado interno quanto externo. Questionado quanto ao tamanho da fatia de mercado perdida (marketing share), se seria realmente de 30%, como se especula, o executivo afirmou não ter esse número.
Declarou apenas que a empresa vai buscar retornar ao nível histórico de produção dos últimos anos. “Isso nos trará ganhos de escala. Não estaremos focados apenas em quantidade, mas em valor agregado. Fizemos uma pesquisa, as três marcas de carne mais importantes do Brasil são nossas. Estamos com uma campanha da Maturatta agora na televisão; vamos nos diferenciar no mercado com qualidade e nível de serviço”, afirmou.
A perda de “share” da companhia, segundo Tomazoni, não se deveu a qualquer rejeição pelo consumidor. “Nossas marcas continuam fortes, portanto, há potencial de compra; o que nos limitou realmente foi a oferta. Como decidimos fazer apenas compras de boi a prazo (para pagamento após 30 dias), isso causou uma determinada restrição nos volumes de abate”, disse o diretor de operações da JBS. Conforme explicou ele, essa política de compra não será alterada por enquanto, mas a companhia está negociando a retomada de mecanismos financeiros que permitam ao pecuarista vender o boi com 30 dias, mas receber seu dinheiro à vista. No começo do ano, alguns bancos deixaram de descontar NPRs (Nota Promissória Rural) emitidas pela JBS. Segundo Tomazoni, a empresa já está chegando a um acordo com as instituições financeiras para retomar esse tipo de transação.
“Entramos em uma fase de normalização das operações e estamos muito próximos da posição que tínhamos antes. Não foi um processo abrupto, mas gradual, que continuará em 2018”. A JBS opera, atualmente, 32 plantas, com capacidade para abate de 34.740 bovinos. Várias outras estão paralisadas, mas isso ocorreu antes da crise provocada pelas delações dos irmãos Batista. Não foi informado quanto a empresa abaterá neste ano, nem qual o nível de capacidade ociosa de suas plantas. Tomazoni disse que o cenário para a pecuária, em 2018, é positivo, com perspectivas de boa oferta de bois e exportações em alta.
Resultado do 3º trimestre – A JBS teve receita líquida de R$ 41,1 bilhões no terceiro trimestre de 2017, 0,1% a menos do que em igual período do ano passado (todas as unidades compreendidas, no Brasil e exterior). Seu lucro bruto foi de R$ 6,9 bilhões e o Ebitda, de R$ 4,3 bilhões. A empresa teve lucro líquido de R$ 1,9 bilhão no terceiro trimestre, mas, com sua adesão ao Refis (Programa Especial de Regularização Tributária), esse valor caiu para R$ 323 milhões.
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