Mato Grosso do Sul se manteve entre os cinco estados escolhidos para receber o InterCorte e promover uma discussão sobre toda a cadeia produtiva da carne, passando desde o criador dos animais, até o consumidor. O evento, que teve a abertura nesta quinta-feira (20) e vai até amanhã (21), está sendo realizado no Centro de Convenções Albano Franco, em Campo Grande. O evento acontece desde 2012 e em todas as edições foi realizado em na capital sul-mato-grossense.

 

De acordo com a diretora da Terraviva Eventos, Carla Tuccilio, o grande objetivo é unificar a cadeia produtiva em todos os pontos sobre a discussão de uma carne de qualidade. “A gente leva essa oportunidade de união entre os elos da cadeia para o palco da intercorte, onde, ao mesmo que vão ter os palestrantes, técnicos e produtores falando dos seus resultados na propriedade, terão também os técnicos do SEBRAE falando sobre os cortes de carne, cozinhando esses cortes, explicando como é melhor ser feito e, no final do dia, temos uma dessossa, onde os ténicos falarão sobre as tecnologias aplicadas no começo do dia e o que isso virou na carcaça que está sendo mostrada, com isso falamos de toda a cadeia, do sistema de ponta a ponta e é importante ter a consciência de saber o que cada produtor produz em sua propriedade”, disse.

 

O Mato Grosso do Sul, e grande parte do país, tem passado por um processo de transformação muito grande no âmbito da produção agrícola, tanto no aumento da produção quanto na preservação do meio ambiente. Nos últimos 25 anos, houve um crescimento muito grande no rebanho brasileiro, saindo de 150 milhões para 190 milhões de cabeças, já em Mato Grosso do Sul, foi detectado uma redução no número de gado disponível, passando de 22 milhões para 20 milhões de animais, com uma redução de 8% nos abates.

 

Entretanto, houve um aumento da produtividade e, nos últimos seis anos, a área de pastagem diminuiu porque aumentou a área de grãos em 600 mil hectares, passando de 1,8 milhão para quase 2,5 milhões de hectares. A área de florestas plantadas também cresceu, aumentando de 300 mil hectares para 900 mil. Outra cultura que voltou a crescer foi a cana de açúcar, que ocupa quase um milhão de hectares, 400 mil a mais, colocando o MS em quarto lugar como maior produtor do país. Além disso, houve um aumento de mais de 350 mil hectares para outras atividades. Todas essas áreas cresceram sem afetar o meio ambiente ou intervir em regiões de proteção, promovendo um aumento sobre áreas degradadas.

 

Apesar disso, Mato Grosso do Sul ainda tem conseguido estar entre os estados que mais produzem e exportam produtos da agropecuária. Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), denifiu o quanto cada um desses fatores foi fundamental para o desenvolvimento da agropecuária e o resultado mostra que 68% da produção é baseada e foi alcançada em função da tecnologia.

 

“A tecnologia envolve todas as técnicas, processo, instrumentos, meios de diferentes áreas do conhecimento e das atividades que nós podemos aplicar no nosso negócio. Desde tecnologia de maquinário, sistemas de gestão de produção, técnicas específicas e tudo o que fazemos foi desenvolvido ao longo do tempo. E isso tem uma análise muito simples que é o da economicidade”, disse o secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, o primeiro palestrante da InterCorte.

 

A crise gerada por problemas pontuais apresentados no primeiro semestre desse ano, com o fechamento de frigoríficos por causa da fiscalização, o aparecimento de abcessos por causa da vacina contra a febre aftosa e os problemas com pagamentos dos frigoríficos da JBS, foram contornados e o objetivo agora é retomar a confiança em todo o patamar do processo.

 

A participação de dezenas de empresas com stands no evento reflete a preocupação do setor em buscar alternativas para promover o uso de novas tecnologias que contribuam com o desenvolvimento do setor.

 

Entre os principais temas apresentados pelo Governo do Estado está a recuperação de pastagens, onde a inserção de uma nova integração agrícola de lavoura e pecuária na costa leste mostra a capacidade de ampliação da produção com tecnologia. Além disso, a administração estadual também realizou a redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de 12% para 7%, sobre o gado abatido para fora do estado para tentar criar um fluxo de caixa para o produtor. O período de teste de 90 dias é para que toda a estrutura volte a ganhar corpo e ânimo para que este animal seja abatido aqui, gerando emprego.

 

“O governo do estado tem uma política muito definida para o desenvolvimento da pecuária, temos tecnologia, conhecimento, o produtor buscando essas novas tecnologias para aumentar a produtividade, uma cadeia produtiva competitiva. Temos toda a base e a política pública tem que ser um incentivador desse processo”, disse o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, que representou o governador Reinaldo Azambuja na abertura do evento.

 

Ele ainda apontou que em toda crise há oportunidade, mostrando que mais de 10 frigoríficos estão pedindo a ampliação das atividades em todo o Mato Grosso do Sul. “Então quando há uma crise temos que trabalhar e o InterCorte traz exatamente isso. Uma crise se discute com conhecimento. Temos que melhorar a produção, a produtividade, a cadeia produtiva como um todo”, destacou Verruck.

 

Na outra ponta da produção está o consumidor, que é o responsável por escolher uma carne com qualidade para se alimentar. Pensando também nessa área, a InterCorte está promovendo, junto com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a Beef Week, uma semana voltada para que estabelecimentos alimentícios desenvolvam pratos especiais destacando os principais atributos da carne. O evento acontece para fomentar esse movimento dentro do setor em todo o estado. Este ano foram contemplados quatro municípios – Campo grande, Dourados, Bonito e Três Lagoas – totalizando 55 restaurantes, todos servindo carne com características diferenciadas, como angus, brangus e novilho precoce, encontrados em lanchonetes, restaurantes, casas noturnas, bares.

 

“Então todo mundo aqui está trabalhando para, no fim, ter uma carne de qualidade para toda a população. A Abrasel vem com um leque de ofertas e preços para atender o consumidor. Mato Grosso do Sul é um estado que possui alta qualidade da carne e a população acredita nos nossos produtos e nos nossos produtores. Os benefícios promovidos pelo Estado e a crise não afetou o consumo da carne. Estamos nos beneficiando com essa baixa para tentar levar aos nossos consumidores uma experiência gastronômica melhor e com baixo custo”, disse o presidente da Abrasel, Juliano Wertheimer.

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