O Chile é o primeiro país a estabelecer uma representação comercial em Mato Grosso do Sul, já visando os negócios que advirão com o início das operações via Rota Bioceânica. Uma delegação de autoridades e empresários da região de Tarapacá, Norte do Chile, está em Campo Grande tratando do assunto. Eles se reuniram na tarde dessa quinta-feira (26) com o vice-governador José Carlos Barbosa; o secretário Jaime Verruck e o secretário-adjunto Ademar da Silva Junior, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência Tecnologia e Inovação), o ministro João Carlos Parkinson de Castro, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, além de empresários brasileiros.

A reunião aconteceu no Receptivo do Parque Estadual do Prosa. Participam da delegação chilena, o gerente geral do Porto de Iquique, Don Rubén Castro Hurtado; os conselheiros regionais da região de Tarapacá, Don Germán Quiroz Cancino e Daniela Solari Veja. Acompanhava os chilenos, Alejandro Scaravo, da Câmara de Comércio Exterior de Jujuy, Argentina.

Os chilenos demonstraram grande interesse em estreitar relações comerciais com Mato Grosso do Sul e fazer do Porto de Iquique a porta de saída dos produtos locais para o mercado asiático. Rubén Castro pontuou as características que fazem daquele terminal portuário o mais adequado para servir à Rota Bioceânica, sobretudo pela capacidade operacional, quanto pela possibilidade de ampliação, que pode fazer triplicar esse potencial. E ainda pelo fato de Iquique ser Área de Livre Comércio, o que facilita toda tramitação comercial tanto para exportação como para importação.

Nesse sentido, a delegação está em Campo Grande acertando detalhes da abertura de um escritório de representação comercial e busca, ainda, alinhavar um Termo de Acordo de Cooperação com Mato Grosso do Sul. Parkinson acredita que até maio o escritório já esteja em atividade. Quanto ao termo, a minuta será redigida e submetida às autoridades de Mato Grosso do Sul e do Chile para que se chegue a uma redação que agrade a todos e o termo possa ser assinado o mais breve possível.

O vice-governador José Carlos Barbosa enxerga nesse documento um “instrumento importante de cooperação” e destacou que Mato Grosso do Sul tem pretensão de se transformar, em médio prazo,  grande exportador de produtos industrializados para China, Índia e outros países asiáticos. “Hoje, a Índia tem uma demanda muito grande de óleo de soja, e compra da China, que curiosamente extrai o óleo a partir de grãos importados daqui. Podemos rapidamente ocupar esse mercado”, afirmou.

Outros produtos sul-mato-grossenses na pauta do comércio com a Ásia são a carne e a celulose. A entrada em operação de dois empreendimentos gigantes – da Suzano, em Ribas de Rio Pardo, e da Arauco, em Inocência – vão elevar Mato Grosso do Sul à liderança mundial da exportação de celulose. E a Ásia é o principal mercado dos produtos locais.

“A China comprou 60% de toda nossa exportação no ano passado. Temos como ampliar esse comércio e buscar outros parceiros, como a Índia e até o Japão”, apontou o secretário Jaime Verruck. As tratativas com os indianos estão mais avançadas. Uma delegação daquele país esteve há poucas semanas em Mato Grosso do Sul tratando de intercâmbio comercial. Quanto ao Japão, o governador da província de Okinawa e o chanceler japonês devem visitar Mato Grosso do Sul em breve.

“Toda a lógica comercial futura de Mato Grosso do Sul está sendo construída em função da Rota Bioceânica, que fica pronta para começar a operar em dois anos. Até lá, temos uma série de providências que são fundamentais para viabilizar a Rota”, disse Verruck.

Outro ponto levantado por Rubén Castro – e que deve constar no Acordo de Cooperação entre Mato Grosso do Sul e Taparacá – é a operação de um vôo direto de Campo Grande a Iquique. “Vamos buscar condições para que isso se concretize a partir do amadurecimento das negociações com o Chile”, garantiu o secretário. Os chilenos reclamaram que a viagem até Campo Grande demorou 20 horas, contando a escala em São Paulo, enquanto num vôo direto chegariam em três horas. João Prestes

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