Aos biólogos e estudiosos deixo as questões científicas. Aqui apenas a voz de um pantaneiro.
Nossos indígenas sempre tiveram uma relação de admiração, respeito e medo com o felino. Existem relatos de caçadas como rituais de passagem, prova de coragem e maturidade. No geral esses animais eram caçados quando ameaçavam as aldeias. A comunidade pantaneira tradicional caçava aqueles indivíduos quando ameaçavam suas criações e em defesa pessoal.

No século passado, com alto valor das peles, houve caça para venda no mercado europeu. As peles de onça, jacaré e outros animais também foram comercializadas no mercado negro. A comunidade pantaneira criou uma ong de combate a essa prática, nascia a SODEPAN, atuante e indispensável em nossos dias.
Ameaças a perpetuação dessa espécie estão ligadas principalmente à destruição do seu habitat e a caça ilegal. Surge legislação de proteção rígida e necessária a conservação do felino. O Pantanal não destruiu o habitat de nossas onças, a prática tradicional de eliminação de alguns indivíduos foi banida. A exceção são ilegalidades encontradas em qualquer atividade humana.
Nasci nesse brejo lindo e inóspito, conto nos dedos as vezes em que tive a grata oportunidade de ver uma onça. A nossa relação sempre foi de medo e respeito recíprocos. De alguns anos pra cá tenho encontrado com frequência o bicho em minhas volteadas a cavalo. Relatos alarmantes de onças por todo canto. O animal noturno passou a frequentar nossos piquetes na luz do dia.
O tema é tabu, fui orientado por minha esposa a não tratar do tema. Pantaneiro também é teimoso.
Existem métodos científicos de monitoramento populacional. A prática bem arquitetada como política pública de conservação pode evitar conflitos e jogar para ilegalidade uma população ordeira e amante da natureza.

Aqui não vai uma afirmação categórica que já estamos vivendo a superpopulação do felino, apenas a constatação empírica da sua expansão e mudança de hábitos.
Experiências exitosas existem no planeta. A intenção é deixar o tabu de lado, seguir intransigente na conservação e evitar conflitos por um possível descontrole populacional de nossas onças.

*Luciano Leite de Barros - Pecuarista Pantaneiro*

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