Agricultores do centro-oeste estão a espera de chuvas para começar plantio de soja
Enquanto aguardam a confirmação de chuvas mais generalizadas, produtores de soja de áreas do Centro-Oeste brasileiro encaram esta semana como "decisiva" para os rumos de muitas lavouras, que podem passar por um replantio mais abrangente caso as previsões climáticas favoráveis não se confirmem, avaliaram especialistas da AgRural nesta terça-feira.
O replantio elevaria os custos dos produtores com sementes e combustíveis para a realização dos trabalhos, além de estreitar a janela climática para o plantio da segunda safra, de milho ao algodão, após a colheita da oleaginosa.
O Centro-Oeste brasileiro, formado por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, tem sofrido mais com a irregularidade climática e altas temperaturas na safra 2023/24. Na temporada passada, essa região respondeu por cerca de metade da colheita nacional.
"Semana bem decisiva esta... A previsão (climática) é boa, mas se não chover esta semana vamos falar de replantio de centenas de milhares de hectares e veremos a janela de safrinha indo embora", disse o analista Fernando Muraro, da AgRural, à Reuters.
Até quinta-feira da semana passada, o plantio de soja no Brasil havia atingido 30,2%, ainda acima da média de cinco anos de 27,1%, embora atrasado na comparação com os 34,4% do mesmo período do ano passado.
Mas este índice só foi alcançado porque muitos produtores arriscaram e plantaram "no pó", como dizem no setor para uma semeadura com tempo seco enquanto chuvas são aguardadas.
"A região da BR-163 não está tão complicada porque a turma arriscou, o número não está atrasado por causa disso, plantaram no pó. A chuva não veio no final de semana e estão de cabelo em pé", afirmou.
As indicações são de que as chuvas passarão a ficar mais generalizadas a partir de quarta-feira, segundo boletim da Rural Clima, após um atraso para a regularização das precipitações, que de maneira geral vêm sendo irregulares.
Muraro citou preocupações para áreas no sul de Mato Grosso, como Rondonópolis, Primavera do Leste e Campo Verde,
"O problema são as altas temperaturas, muito altas, beirando 40 graus... a qualidade da semente está sendo testada", disse.
"O produtor está muito nervoso, El Niño para o Cerrado é sempre muito tumultuado", disse ele, lembrando do fenômeno climático que deixa o tempo irregular ao norte do Brasil, podendo trazer menos chuvas ao Nordeste.
Até este momento, a consultoria mantém sua projeção de safra em recorde de 164 milhões de toneladas, com área estimada em 45,4 milhões de hectares e produtividades ainda baseadas na linha de tendência.
A analista da consultoria Alaíde Ziemmer disse que a situação é semelhante ao sul de Goiás e norte de Mato Grosso do Sul, que também aguardam chuvas para acelerarem o plantio.
Em Goiás, os produtores estão preocupados com as áreas já germinadas, pois parte delas poderá necessitar de replantio caso as condições climáticas não melhorem, segundo a analista.
No norte de Mato Grosso do Sul o plantio não havia chegado a 20% da área, trazendo preocupações com a janela da segunda safra de milho, segundo dados da AgRural.
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