Os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande realizaram, nesta quarta-feira (24), na Casa de Leis, uma audiência pública para debater a paralisação das obras na BR-163 pela CCR MSVia, empresa que ganhou a licitação para duplicação de 798 quilômetros da rodovia que vai de Sonora, no norte do Estado, a Mundo Novo, ao sul, de um total de 845 quilômetros.

 

A reunião foi marcada após mobilização de representantes de 13 câmaras municipais (Camapuã, Itaquiraí, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Jaraguari, Mundo Novo, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Bandeirantes, Rio Verde, Caarapó e Eldorado, além da Capital) realizada na última quinta-feira (18) em Campo Grande, cobrando a retomada dos trabalhos ou, pelo menos, a suspensão da cobrança do pedágio caso as obras não sejam retomadas.

 

Com o intuito de mobilizar autoridades locais e a população que utiliza a rodovia, os parlamentares decidiram ainda realizar uma audiência pública em cada um dos municípios cortados pela estrada.

 

Com a paralisação das obras, 1,5 mil empregos deixaram de existir, entretanto o pagamento do pedágio continua sendo realizado, alegando que os serviços de atendimento ao usuário e a manutenção da rodovia ainda estão sendo feitos. As obras foram paralisadas porque, segundo a empresa, houve uma queda de 35% no número de usuários na rodovia.

 

De acordo com Claudeir Alves Nata, Relações Institucionais da CCR MSVia, a concessionária investiu aproximadamente R$ 1,4 bilhão na BR-163. "A previsão contratual é que fossem entregues até maio deste ano 129 km e entregamos até agora 138 km. Então estamos adimplentes com o contrato. Nosso contrato não é exclusivamente para duplicação, fizemos também 330 km de restauração de pavimento. O custo da restauração corresponde a 1/3 da duplicação, ou seja, cada 3 km de restauração corresponde a 1 km de duplicação. Se fosse só duplicação se transformaria em 330 km. Existem uma série de determinações previstas e contrato, foram feitas também a parte de vegetação, com roçada do mato, substituição de todas placas, tapa-buraco, para que pudesse a rodovia ter condições de ser utilizada", disse.

 

O vereador Papy ressaltou em seu discurso que apesar da concessionária realizar outros serviços, a duplicação da rodovia é o principal serviço esperado pela sociedade campo-grandense do contrato firmado entre a concessionária e o Governo Federal. “O contrato só existe porque precisamos da duplicação, tudo bem que haja outros benefícios no contrato, mas a duplicação é o principal serviço esperado pela população para garantir maior segurança na rodovia”.

 

Claudeir fez um apresentação detalhando os investimentos e as causas do pedido de revisão do contrato de concessão. Conforme dados apresentados, a CCR MSVia  investiu  um total de R$ 1.397.017.000,00 (um bilhão, trezentos e noventa e sete milhões e dezessete mil reais), sendo R$ 347 milhões em restauração de 330 km de pavimento, R$ 63 milhões em obras de duplicação, outros R$ 187 milhões em tecnologia de informação (instalação de fibra ótica) , instalação de 17 bases operacionais R$ 21 milhões, aquisição de 165 veículos, sendo 18 ambulâncias - R$ 26 milhões, além de R$ 7 milhões para construção da sede da CCR e da ANTT.

 

Segundo Claudeir, a concessionária enfrentou dificuldades desde que o contrato de concessão foi firmado em 2014, por conta da crise financeira do País, como a redução do fluxo de veículos na rodovia, novas rotas de escoamento da produção por meio de hidrovias e ferrovias, assim como a queda do PIB e aumento da taxa de juros.

 

Entretanto, no início do mês, o presidente da Câmara de Campo Grande, vereador João Rocha destacou que em 2016, a empresa teve lucro de R$ 57 milhões, sendo que R$ 6,3 milhões foram distribuídos para membros do conselho e diretoria da companhia, como gratificações e benefícios, segundo ata de assembleia da concessionária.

 

O prefeito de Jaraguari Edson Nogueira Rodrigues ressaltou que a paralisação das obras causou um grande problema na cidade, com famílias perdendo o sustento. "Nós temos perdido economicamente vários postos de trabalho, perdemos mais ou menos 50 empregos, então isso dificulta a situação do município  e a nossa arrecadação cai muito com a paralisação das obras", alegou.

 

Walter Vieira dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins de Mato Grosso do Sul (Sinticop-MS), a paralisação repentina das obras causou um impacto negativo no desenvolvimento econômico do Estado. “Eu represento aqui 1.220 trabalhadores que perderam seus empregos. A empresa não comunicou as empresas, nem sindicatos sobre a demissão coletiva, gerando um impacto negativo para o setor econômico do Estado”, avaliou.

 

Participaram da Mesa de autoridades, o vereador Profº João Rocha, presidente da Câmara Municipal de Campo Grande; vereador Carlão, 1º secretário da Câmara Municipal de Campo Grande; Claudeir Alves Nata, Relações Institucionais da CCR MSVia; Walter Vieira dos Santos, presidente do Sinticop-MS (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins de Mato Grosso do Sul) e Marcelo Salomão, superintendente do Procon-MS.

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