O Brasil alcançou recorde de exportações de piscicultura, apontou o estudo realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura. A pesquisa, elaborada em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), mostra um aumento de 15% em faturamento nas exportações do setor no ano de 2022, chegando a U$S 23 milhões e 800 mil dólares, o maior na história do setor. Em comparação com 2021, a tilápia, espécie mais vendida a outros países, registrou aumento de 28% nas exportações, o que representa 23 milhões e 200 mil dólares.

A análise mensal das exportações indica variação ao longo do ano, apresentando o maior volume, em valores financeiros e em toneladas, no mês de maio. Para o pesquisador da Embrapa Manoel Pedroza alguns dos fatores que colaboraram para o aumento das exportações no setor foram o crescimento da profissionalização e o aumento da escala de produção. Ele explica que algumas particularidades da tilápia  contribuem para ser a espécie mais vendida para os estrangeiros.

“Primeiramente é a questão do preço: Ele é um produto relativamente competitivo principalmente da pesca marinha, a tilápia acaba tendo um preço menor. A questão da oferta: como é um peixe de cultivo, se tem oferta o ano inteiro. E a outra questão é a versatilidade. É um peixe que não tem gosto forte, fácil de trabalhar na culinária”.

O pesquisador pontuou alguns fatores que afetam negativamente o setor como os preços altos de produção e  o custo da ração, que desde a pandemia aumentou mais de 70%,  além do preço elevado do mercado interno. Ele revela que apesar do primeiro trimestre de 2023 ter apresentado queda nas exportações, a expectativa é de aumento para o decorrer deste ano. “A quaresma, a Semana santa, se tem uma demanda muito alta de peixe aqui no Brasil, então é normal que no primeiro trimestre as exportações não sejam tão altas. Mas tem várias empresas que passaram a exportar filé de tilápia congelada, tilápia inteira congelada. Estão começando a exportar para países árabes, utilizando a Certificação Halal. Então, esse conjunto de fatores acredito que vai levar a um aumento das exportações em 2023”.

Entre os estados que mais exportaram produtos de piscicultura, o destaque foi para o Paraná, responsável por 58% do total exportado, com aumento de 114% em relação ao ano anterior. Na segunda posição aparece o Mato Grosso do Sul, com 18% do total, seguido pela Bahia, com 11%. Merece destaque São Paulo, com 127% de crescimento em relação a 2021.

Embora a piscicultura brasileira tenha um enorme potencial, a pesquisa mostra que é uma atividade com menos de uma década de existência e enfrenta diversos obstáculos como elevada burocracia nos processos de licenciamento ambiental e a necessidade para a produção de espécies nativas. Karina Chagas 

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