Municípios de MS aderem ao programa Criança Feliz
Nos últimos anos, médicos, psicoterapeutas e pesquisadores têm descoberto que desde a formação dos neurônios até os três anos de idade a criança passa por uma série de transformação física e psicológica que resulta no adulto que ela irá se tornar. Entendendo que a formação inicial é fundamental no desenvolvimento do recém-nascido, o governo federal criou o programa Criança Feliz com o intuito de capacitar pessoas para atuarem no estímulo a família com relação ao desenvolvimento da criança e na identificação dos problemas que podem causar transtornos aos bebês.
Desde a criação do Criança Feliz, 2547 cidades em todo o Brasil já aderiram ao projeto e, na manhã desta segunda-feira (8), na escola do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Mariluce Bittar, em Campo Grande, o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário Osmar Terra e o governador do estado Reinaldo Azambuja, acompanhados dos senadores Waldemir Moka e Simone Tebet, dos deputados federais Tereza Cristina e Geraldo Resende, do deputado estadual Junior Mochi, da secretária de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast) Elisa Nobre, de prefeitos e secretários municipais, assinaram um termo de adesão de 27, dos 79 municípios do estado.
O programa prevê o acompanhamento semanal e o desenvolvimento infantil integral na primeira infância e a facilitação ao acesso da gestante, dos recém-nascidos e das famílias às políticas e serviços públicos. Além disso, oferece cuidado permanente a criança com vulnerabilidade, da gestação aos seis anos de idade, contribuindo com o exercício da parentalidade, fortalecendo o vínculo afetivo e o papel das famílias no cuidado, na proteção e na educação das crianças. Os visitadores irão estimular o incremento de atividades lúdicas envolvendo outros membros da família para que possam oferecer melhor qualidade de aprendizado das crianças.
“É bem no início da vida que se organiza a inteligência e as competências humanas, não é depois. A criança tem uma programação genética de seis meses para organizar a visão, se ela tem algum problema e ela não consegue enxergar, depois de seis meses ela estará cega para sempre. Ela organiza a parte auditiva nos primeiros dois anos e não organiza mais depois. Ela organiza a parte de empatia, de se relacionar afetivamente, de controlar e regular os impulsos na relação com quem cuida dela nos primeiros 18 meses. O período crítico que tem organizado geneticamente passa”, destacou Terra.
O governador do Estado destacou que a adesão dos municípios é importante porque, principalmente, este é um programa de estado e não de governo. Ele lembrou que poucos municípios se cadastraram porque a inscrição ocorreu em um período de transição, mas lembrou que outros 23 municípios já estão aptos a receberem a capacitação do governo federal. O programa é feito de maneira tripartite, onde todos os governos, federal, estadual e municipal, entram em um acordo e desenvolvem a ação definida.
“Há uma importância de um trabalho integrado. É a área social dos municípios trabalhando com a área social do Estado integrando essas equipes na formação, no treinamento das equipes. E são essas pessoas responsáveis para identificar localmente as crianças que estão com algum risco social, com algum problema que possa prejudicar seu desenvolvimento. E, principalmente, poder dar um encaminhamento para que ela no futuro não tenha problemas sociais acarretados por esse início da sua vida”, destacou Azambuja.
O governo federal enviou ao Estado R$ 568 mil que estão sendo utilizados para formar, capacitar e acompanhar os trabalhos das prefeituras. Os municípios, por sua vez, receberão, mensalmente, R$ 65,00 por criança atendida e serão responsáveis por coordenar, treinar e organizar os recursos dentro das necessidades.
O programa irá integrar cinco ministérios, sendo o da Educação (MEC), da Saúde, da Cultura, dos Direitos Humanos e do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) e várias Secretarias de Estado de Mato Grosso do Sul, atendendo as famílias que fazem parte do programa federal Bolsa Família ou do programa estadual Vale Renda.
O senador sul-mato-grossense, Waldemir Moka, ressaltou que a participação da família no processo de desenvolvimento é essencial para não limitar a criança no processo educacional convencional, tendo dificuldades no aprendizado ou na sociabilidade. “A formação do sistema nervoso central ela se dá nos primeiros três anos da vida da gente. E estes três primeiros anos são muito importantes porque, se a acriança não tiver esse contato afetivo, ela poderá crescer e ser um adulto, muitas vezes, agressivo ou irritado”.
Os prefeitos enxergam esse programa como um suporte no trabalho realizado pelas prefeituras junto a comunidade. Para o prefeito de Bela Vista Reinaldo Miranda todos os projetos que contribuam com o desenvolvimento das crianças são importantes. “Abranger os jovens e as crianças e tudo que vem para somar, que seja bom, que de também condições para que os municípios possam levar para frente esse programa será bem vindo e acho que é um programa que vem inovar. Nossos municípios são carentes e tudo o que vem beneficiar jovens e crianças no município é bem vindo”, destacou.
Já o prefeito de Caracol Emanuel Viais destacou que a grande dificuldade do município é atender tanto as crianças de famílias brasileiras quanto as paraguaias. Fazendo fronteira com o país vizinho, é muito comum que crianças com pais das duas nacionalidades nasçam em solo brasileiro, mesmo morando no país fronteiriço, tendo que atender a demanda também. “Na situação que nós temos acredito que esse programa vai de encontro com aquilo que estamos mais investindo que é na criança. Temos uma expectativa boa”, explicou.
Municípios que assinaram o termo de adesão, Angélica, Aquidauana, Aral Moreira, Bela Vista, Campo Grande, Caracol, Cassilândia, Chapadão do Sul, Corumbá, Fátima do sul, Japorã, Juti, Ladário, Laguna Carapã, Mundo Novo, Navirai, Nova Andradina, Paranaíba, Paranhos, Pedro Gomes, Ponta Porã, Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Rio Verde de Mato Grosso, Tacuru, Terenos e Três Lagoas.
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