Juiz acata mandado de segurança do deputado João Henrique abrindo a caixa-preta da renúncia de receita do estado
No ano de 2017 a
Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul instaurou uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito)para investigar os créditos de renúncia fiscal, e
apenas uma “espiada” devolveu 750 milhões aos cofres públicos do nosso Estado por
uma única empresa, a JBS.
E desde o início de seu
segundo mandato, em fevereiro de 2023, o deputado estadual João Henrique (PL/MS)
vem pedindo informações neste sentido e vem sendo constantemente “barrado” por
seus colegas parlamentares.
“Convocamos o
Secretário de Estado de Fazenda para comparecer a nossa Casa de Leis e prestar
informações acerca dos gastos públicos, o que é um direito nosso, um direito de
todo parlamentar e também do povo. E vimos os nossos pedidos sendo rejeitados
durante todo o ano passado por nossos colegas. Qual o medo? Porque não ajudar a
fiscalizar e mostrar a caixa preta? Imaginem quanto em devoluções de recurso
público não poderíamos conseguir!”, declara o deputado.
Mas agora parece que a
tal caixa-preta, a que se refere acima o deputado, será finalmente aberta e
escancarada. O juiz Paulo Roberto Cavassa de Almeida, da 1ª Vara de Fazenda
Pública e de Registros Públicos em Campo Grande, julgou totalmente procedente e
acatou o mandado de segurança queo deputado estadual impetrou em 2023 contra o
governador Eduardo Riedel, com a finalidade de ter acesso às informações sobre os
benefícios fiscais concedidos pelo Estado de MS.
Em agosto do ano
passado, o deputado formulou pedido para obter essa informação no prazo de 15
dias, um direito de todo parlamentar, mas até hoje não obteve resposta.Com base
nessa decisãorecente da Justiça, “Riedel será obrigado a informar quais são as
empresas que recebem benefícios fiscais do estado, qual o valor em dinheiro
exato que cada uma dessas empresas recebe e quais são as obrigações que elas
têm com o Estado”, explica o deputado.
“Esta é uma conquista
histórica! Ganhamos esta ação contra o governo do Estado, abrindo as portas da
transparência, que não tem sido praticada como exige a lei. A caixa preta das
contas públicas de MS, que eles escondem a sete chaves, deverá ser aberta, no
prazo de 10 dias,e cada cidadão terá conhecimento dos incentivos, das
renúncias, dos benefícios dados pelos Governo e se ascontrapartidas estão sendo
cumpridas. Tudo isso retroativo a janeiro de 2018”, acrescenta João Henrique.
Para chegar a esta decisão,
o juiz em questão entendeu que fornecer estas informações “não implica em
violação do sigilo fiscal tampouco em exposição da situação econômica ou
financeira e o estado dos negócios ou atividades de terceiros”. O magistrado se
baseou no artigo 198 do Código Tributário Nacional, que, em se tratando de
pessoa jurídica, permite o compartilhamento destas informações.
“Esta ocultação de
dados por parte do Governo se aplica ao não fornecimento de informações detalhadas
sobre os incentivos fiscais. Nós temos um volume absurdo, bilionário entregue
por meio de crédito fiscal aqui que o governador tentou blindar, inclusive com
apoio da grande parte dos parlamentares da Assembleia Legislativa, da qual faço
parte. Mas o Código Tributário Nacional (CTN) autoriza expor os dados para
pessoa jurídica. Meu objetivo é trazer luz sobre todas as renúncias fiscais do
Estado de Mato Grosso do Sul. Hoje, nenhum parlamentar da Casa de Leis é capaz,
infelizmente, de dizer qual é o valor da renúncia fiscal, dos incentivos
fiscais praticados pelo Governo, nenhum! E eu e toda a população
sul-mato-grossense temos o direito de saber”.
Para o deputado, é
primordial e necessário quebrar esta blindagem que foi criada na parceria do
Governo com a maioria do legislativo. “Reafirmo aqui que é direito de todo
cidadão sul-mato-grossense ter acesso a estas informações reiteradamente
negadas pelo governo de Eduardo Riedel. E, por decisão do juiz, isso deverá ser
feito no prazo de 10 dias”.
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