Na tarde de ontem (22), o governador do Estado de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja convocou uma coletiva de imprensa, realizada na governadoria, para rebater as denúncias feitas pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS, e apresentadas na última quinta-feira (18) pelo Supremo Tribunal Federal, que o acusaram de receber R$ 45 milhões em propinas em troca de incentivos fiscais.

 

De acordo com a delação, Azambuja teria recebido R$ 10 milhões em espécie para serem usados na campanha eleitoral ao governo, culminando com a vitória do peessedebista, e mais R$ 35 milhões por meio de notas frias, oriundas de venda de gado para a empresa JBS. O governador nega o recebimento desse dinheiro e, em nota, declarou ter recebido R$ 10,5 milhões do PSDB nacional, recursos eu foram registrados e contabilizados na prestação de contas da campanha.

 

“A gente sabe que na vida pública hoje existe um grande mal estar. Eu entendo essa postura. Agora eu sempre falei, todo cidadão e toda cidadã brasileira tem todo o direito da defesa e do contraditório. Isso vale para qualquer um brasileiro e vale também para o governador. Então eu também quero ter o direito a defesa e ao contraditório para rebater essas acusações feitas pelo delator e eu vou fazer isso com muita tranquilidade”, disse Azambuja.

 

O governador abriu a reunião destacando que os políticos devem prestar contas à sociedade sobre os atos e os mandatos. Ele também apresentou um relatório onde mostra que há 1.199 termos de acordo de incentivos fiscais para empresas em todo o estado. A partir de 2015, o governo identificou que não havia fuma isonomia entre as cadeias produtivas existentes e a administração fez um enquadramento das ações.

 

Atualmente são 31 frigoríficos em todo o Mato Grosso do Sul que possui os mesmos incentivos fiscais que a JBS possui. Azambuja destacou ainda que a holding J&F, que controla diversas marcas de vários segmentos, recolheram os impostos estaduais assim como toda empresa. Em 2014 foram R$ 40 milhões, em 2016 passou para R$ 70 milhões e neste ano deve dobrar o valor de impostos pagos.

 

“Temos uma política e temos crença nessa política de que o estado enfrentou deu resultados, MS foi o único estado entre os 27 que teve geração positiva de emprego no último ano. Acreditamos nas empresas que investiram aqui e não teve nenhuma relação que fosse diferente disso”, ressaltou o governador.

 

Azambuja enfatizou ainda que a política de incentivos ofertada pelo estado atraiu empresas, modernizou a infraestrutura e garantiu empregos para todas as regiões. Além disso, explicou que o modelo de gestão está sendo discutido em âmbito nacional.

 

Acusada de receber R$ 12 milhões, o frigorífico Buriti também foi alvo de explicação do governador, que declarou que a empresa foi autuada no ano passado por uma dívida junto a administração estadual. Esse débito, que totaliza R$ 7 milhões, está sendo pago parceladamente.

 

Os investimentos feitos pela JBS em Mato Grosso do Sul, que, por causa dos incentivos e benefícios oferecidos pelo governo, conseguiu vencer uma disputa com outros três estados para que a empresa realizasse ampliações nas unidades sul-mato-grossenses, resultou em diversos acréscimos, como aumentar o abate de 3 mil para 6 mil suínos na planta de Dourados, dobrar Caarapó e Sidrolândia no abate de frango, e está sendo discutida a instalação de uma fábrica de perus em Itaporã.

 

“O secretário Jaime e eu fomos inúmeras vezes na JBS para discutir investimentos. Até uma semana atrás conversamos com eles porque estão com pressa para instalar a fábrica de suínos”, disse o governador.

 

Sobre as acusações de que o vencedor da disputa das eleições de 2014 para o governo do Estado pagaria a conta do adversário, Azambuja declarou ser uma piada. Durante a delação, os irmãos Batistas apontaram um débito de R$ 17 milhões que deveria ser pago pelo atual governador em decorrência da vitória contra o ex-senador Delcídio do Amaral (PT).

 

“O lado que aparece hoje é só o lado do delator, parece que o lado do delator é a verdade. Eu tenho 20 anos de vida pública, vou até as últimas consequências para provar minha inocência”, disse Azambuja, que declarou ainda que o Estado vai prestar todas as informações que precisam ser mostradas de todos os atos que foram realizados, além da pessoa física que vai a todos os órgãos de fiscalização que o convocarem, levando aos tribunais e a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS), a versão sobre o assunto.

 

Azambuja chegou a cogita sobre uma possível retaliação devido ao não favorecimento em alguns itens que a empresa solicitou ao governo. “Pode ter sido retaliação porque nós não renovamos muitos termos de acordo, não sei o que foi. Acho que foi porque eles tinham que entregar alguém”, acrescentou.

 

A JBS disse ainda que outros políticos, empresários e pecuaristas também estão envolvidos em um esquema de mais de R$ 33 milhões em repasse de dinheiro por meio de notas frias.

 

Segundo a empresa, o ex-prefeito de Porto Murtinho e ex-presidente da Fundação de Turismo do Estado Nelson Cintra Ribeiro emitiu nota de R$ 296 mil no dia 3 de novembro de 2016.

 

O secretário de Estado da Fazenda Marcio Campos Monteiro emitiu nota de R$ 333 mil em 19 de dezembro de 2016.

 

O ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti e ex-deputado estadual Osvane Aparecido Ramos emitiu nota de R$ 847 mil em 3 de novembro de 2011.

 

O deputado estadual José Roberto Teixeira (Zé Teixeira - DEM) emitiu duas notas, em 16 de setembro e 28 de outubro de 2016, no valor total de R$ 1,692 milhão.

 

O pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, é acusado de emitir R$ 5 milhões entre 11 de janeiro de 2016 e 5 de fevereiro de 2016.

 

O pecuarista Elvio Rodrigues emitiu notas de mais de R$ 7 milhões entre 17 de agosto de 2016 e 19 de dezembro de 2016.

 

Rubens Massahiro Matsuda emitiu uma nota de R$ 383 mil em 9 de novembro de 2016.

 

Miltro Rodrigues Pereira possui nota de R$ 1,032 milhão emitida em 16 de setembro de 2016.

 

Para Zelito Alves Ribeiro são três notas que somam R$ 1,758 milhão em 16 de setembro e 8 de novembro de 2016.

 

A Agropecuária Duas Irmãs Ltda emitiu nota no valor de R$ 886 mil.

 

Francisco Carlos Freire de Oliveira emitiu R$ 583 mil em 3 de novembro de 2016.

 

A Buriti Comércio de Carnes possui R$ 12,9 milhões em notas falsas de compras de carne bovina entre 10 de março de 2015 a 15 de julho de 2017.

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